quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Elasticidade do Tempo - Parte I





Einstein dizia que o tempo é “elástico”, que se expande ou se encolhe na medida em que nos aproximamos da velocidade da luz (ou algo assim). Sou fã do cara! Ele tinha razão e vou procurar demonstrar isto sob outra ótica, a ótica do nosso cotidiano.
Ainda lembro de quando era criança: manhã na escola, almoço em casa com a família, tarefa logo nas primeiras horas da tarde e, logo após, brincar até cansar – ou até a mãe achar que era hora de ir para casa.
Depois de algum tempo, virei “mocinho” e tinha que trabalhar para garantir que poderia estudar numa escola melhor e que poderia fazer festa no fim de semana. Durante muito tempo, inclusive, eu poderia ter ajudado mais em casa, mas não o fiz por pura porralouquice. Mas isto é uma outra história, para um outro post.
O que quero dizer é que minha/nossa geração ainda podia viver sem pensar nas aulas de inglês, russo, alemão, dança de salão, técnica vocal, preparatório para o vestibular (e ainda existe?), pensar na carreira. Vivíamos nossas vidas sem pensar muito no fantasma do fracasso que poderia nos bater à porta caso a gente não tivesse todas as ferramentas, caso não fôssemos competitivos de verdade.
 Mas dos anos 90 pra cá, a coisa mudou radicalmente.
Cada vez mais cedo, as crianças estão preocupadas (“preocupadas” mesmo) com inglês, com sua imagem, com seus hábitos, com como serão olhadas pelas pessoas. O ritmo que o novo século lhes impôs é cruel, sem piedade. Ou a criança, o jovem entra no ritmo, ou será eliminado pelo darwinismo social.
Não penso sinceramente que nosso estilo de vida 2000 seja o mais saudável. O escritor Augusto Cury diz em seu livro “Pais Brilhantes – Professores Fascinantes” que esta geração teve seu limiar de prazer elevado. Ou seja, o que cativava um jovem há 20 anos, certamente não é o que cativa um jovem hoje. A nova geração não tem tempo para parar e ler um bom livro, observar uma paisagem, contemplar a vida e as coisas. Eles querem coisas mais rápidas, mais dinâmicas, mais excitantes e este ritmo está aumentando em proporção quase geométrica.
Um reflexo disso, claro, é que cada dia mais se ouve jovens dizendo que não têm tempo para suas atividades, mesmo as mais básicas. Começam as coisas e não terminam. Investem (tempo, dinheiro, emoções) em algo e não lhe levam até as últimas conseqüências.
Por força da minha atividade, convivo com várias pessoas, de várias faixas etárias e classes sociais. É muito comum (e muito triste) ver jovens que precisam desesperadamente falarem inglês pararem seus cursos por coisas como “E como fica meu jiu-jitsu?” ou “Mas eu preciso malhar! ou, pior ainda, “Meu/minha namorado(a) não quer que eu venha para o inglês.” , numa demonstração típica de repressão do(a) cônjuge em pleno século XXI, e no ocidente.
Primeiro, quero deixar a bola picando. No próximo post, parafraseando meu querido amigo e sócio, Fábio Toscani, quero dar a morta.

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