quinta-feira, 24 de setembro de 2009

A Professora e o Pichador

Notícia em todos os principais veículos do país: rapaz picha seu nome em paredes de escola recém pintada; professora, indignada, faz com que ele restaure as paredes danificadas e se excede na punição.
Tá! Ela excedeu! Não precisava filmar e nem chamar o guri de “bobo da corte” – por mais que eu pense que é isto mesmo que ele é.
A minha pergunta aqui é: onde foi que começamos? Quando foi que demos início a esta condição de sermos reféns dos nossos menores? Quando aconteceu este desastre, que fez com que os pais deixassem de ser senhores de suas casas, da educação de seus filhos e passaram a serem controlados pelos rebentos?
O guri intencionalmente depredou patrimônio publico que havia sido restaurado há poucos dias, com o esforço de outros pais de alunos e a ajuda financeira da comunidade. O retardado social ainda cometeu a burrice – e que me perdoem os moares pela alusão à sua espécie – de deixar seu nome impresso na parede. Vândalo e asno!
O nosso sistema legal deveria punir com mais severidade estas pequenas infrações. Não falo de punição privativa de liberdade, mas de serviços comunitários, restaurando aquilo que danificaram, devolvendo à sociedade aquilo de que lhe privaram e, principalmente, descobrindo que suas ações têm conseqüências e que eles arcarão com elas, sejam elas quais forem.
Eu pareço retrógrado ao dizer isso porque fui criado num tempo em que era responsável pelos resultados bons ou ruins das minhas escolhas. Sou do tempo em que o professor ou professora sempre tinha razão. Sou de uma época distante, quando as pessoas mais velhas eram merecedoras de respeito e não eram chamadas de outra coisa que não “senhor” ou “senhora”. Destruir o patrimônio público era coisa de vândalo, de “maconheiro”.
Eu ia dizer que a vida da “gurizada” tá muito fácil, mas mudei de idéia. Na verdade, a vida deles pode até ser fácil, mas não é nada prazerosa. Eles não sentem o gosto gostoso de terem que conquistar alguma coisa com o próprio suor. Imagina só que vida patética e sem sentido, sem graça: fazem bobagens na rua e os pais vão correndo lhes acobertar. Vão mal na escola e a culpa é das técnicas dos professores.
O pai do rapaz do evento da pichação se dizia presente, numa entrevista dada ao Zero Hora. Duvido. Se fosse, saberia das patifarias do filho. Ele até pode sentir que a professora exagerou na dose, mas ao reclamar em alto e bom som publicamente, transformou seu filho num ícone da idiotice para com a sociedade e num mártir para a família. Este guri, que já não dava demonstrações de ser um exemplo de conduta, acabou por ser ainda mais estragado pelo pai “zeloso”(sic).

Um comentário:

  1. Uma correção (talvez eu possa estar errado), se não me engano foi um colega do guri quem filmou, e não a professora. O único "erro" dela foi ter "ofendido" o guri.

    Sobre no nosso tempo ser muito melhor, não sei como já disse no post anterior. Uma vez explodiram com uma bomba uma privada no colégio onde eu estudava. E isso que era colégio particular...

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