segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Anestesia Geral

Não. Não vou falar em nenhum procedimento cirúrgico.
Este fim de semana fiquei pensando no modo como a minha geração se comportava, como comentava as coisas, como vivia seu dia-a-dia e comparei com os jovens dos anos 2000. Estão todos anestesiados. Anestesia geral.
Fiquei pensando que éramos um bando de fedelhos, sem celular, sem internet e sem filmes dublados; ligávamos de “orelhão” com ficha, mandávamos cartas (e esperávamos a resposta) e assistíamos filmes legendados sem o menor problema.
Como não tínhamos o recurso do SMS, falávamos muito mais com as pessoas. Havia muito mais contato olho no olho. Ao invés de ligarmos para o amigo para perguntar o que ele estava fazendo, íamos até a casa dele.
Como tínhamos que escrever cartas, exercitávamos duas coisas: a escrita e a paciência. Não vivíamos neste mundo de comunicação artificial, destas relações de plástico, onde tudo é tão rápido e tão superficial que as pessoas não têm tempo de saborearem e deglutirem as idéias que seus amigos emitem. Aliás, sou do tempo em que as pessoas emitiam idéias, opiniões, não apenas reproduziam o que leram no conteúdo online de algum blog.
A letargia atingiu um ponto tal, que o caráter das pessoas está se atrofiando. Vejo jovens dizendo sem o menor pudor que topariam participar de esquemas que lhes beneficiassem, sem dar a mínima para o modo como isto afetaria a coletividade. E o pior: vejo outros assistindo a isto passivos, até aplaudindo ou achando normal!
Outro dia, assisti a um debate na televisão entre dois presidentes de partido. Dos dois lados, foram jogados baldes de cacaca no ventilador. Dos dois lados, houve respostas evasivas. De um dos dois lados, eu conseguia ver claramente a dissimulação, o engano e a falta de transparência. No dia seguinte, uma colega de trabalho comentava sobre o assunto e me fez lembrar que estes políticos não são raposas velhas. Não são a escória do regime militar. São “rapazes”. São gente jovem, beirando seus 40 anos. Gente que deveria estar pensando diferente, fazendo diferente.
O problema nem é esta onda de corrupção que assola o país. Na verdade, ela já existe desde que o primeiro português pisou na areia de alguma praia do Nordeste. O problema é que as pessoas não conseguem analisar as situações e ver quem é quem.
Onde foi, Deus meu, que as pessoas ficaram tão anestesiadas? Quando foi que ocorreu este evento macabro que deixou as pessoas nesta condição de apatia e de complacência para com o que é mau?
Tenho medo pelo mundo no qual meus filhos viverão. E tenho medo do que meus filhos farão com o mundo no qual viverão.
Deixo aqui, para encerrar, um videozinho do Rolando Boldrin, declamando Ruy Barbosa.
Reflita! Se for o caso, saia do estado de anestesia!

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