sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Redes sociais, paternidade e os erros que queremos que nossos filhos evitem

Todo mundo que me conhece ou me segue em alguma dessas redes sociais da vida sabe que estou para ser pai pela segunda vez e, desta vez, de um menino – ao que tudo indica.

Quem me segue, sabe também que procuro fazer bom uso das mesmas redes sociais: aumentar minha rede de contatos, fazer negócios, trabalho social, reestabelecer contato com velhos amigos a quem há muito não vejo... e a lista segue. Claro que também as uso para lazer, mas esta definitivamente não é a prioridade.

Como sou bom observador, reparo em alguns comportamentos em redes sociais que falam muito sobre as vidas das pessoas, o modo como elas se encaram a si mesmas, suas relações sociais, afetivas, profissionais... e fico meio pensativo quando vejo certos comportamentos.

Vamos lá:

Pessoas que escrevem errado (e não falo de “internetiquês”, não; errado mesmo) é gente que escreve “concerteza” ao invés de “com certeza”, “seje” ao invés de “seja” – e a lista vai longe. Onde é que estas pessoas pretendem chegar se não sabem nem ao menos a sua língua-mãe, pelo menos o suficiente para não fazerem vexame.

Fotos de casais, quando o perfil naquela rede social pertence só a um(a). Normalmente, nestes casos, o(a) parceiro(a) concorda em aparecer na foto para “demarcar território” ou para ser tratado(a) como “território demarcado”. Isto como se vivêssemos em uma manada em que uma pessoa que tem compromisso de algum tipo com outra – ou, melhor ainda, uma relação de amor e confiança – não soubesse que, independente de ter uma foto com outra pessoa em seu perfil social, é mais interessante que tenha atitudes que condigam com tal situação. Aí, é claro, indagar-me-ão os casais que se amam e que resolveram ter um perfil juntos e o fazem de maneira saudável, sem estresse ou fiscalização. Mas estes são casos raros e há uma grande chance de que quem tem um perfil deste tipo se encaixe mais na primeira do que na segunda descrição.

Gente que fala mal de patrão/família/amigos. Falar mal de quem nos faz mal é, por vezes, terapêutico. Especialmente quando falamos diretamente com a(s) pessoa(s) objeto de nossa revolta. Para quem ainda não tentou uma sessão de transparência, objetividade e posicionamento, eu recomendo – com estrelinhas douradas no canto da receita! Não adianta vir para a internet xingar pai, mãe, namorado, cachorro, a vida, a conjuntura, Deus, o diabo e a tia da cantina. O que resolve é falar diretamente com estas pessoas, tomar atitudes, ser transparente. Na minha humilde opinião, ficar enchendo lingüiça na internet e não tomar atitudes, além de me transmitir uma imagem de covardia digna dos seres mais infelizes da história da humanidade, nunca trouxe nem nunca trará resultados positivos.

A cada semana, uma nova paixão. Fico observando que muitos daqueles casais que colocam fotinhos juntos, em algum tempo não estão mais juntos. Logo em seguida, começo a reparar nas comunidades em que ambos começam a entrar – como forma de dar indiretas ou de declarar para o mundo a nova condição – e as fotos que começam a postar. Invariavelmente, coisas como “Agora eu tô solteiro(a) e ninguém vai me segurar” ou “Bobeou, a fila andou” e coisas do gênero começam a pipocar, em atitudes claras de quem assume que foi imbecil por algum tempo ou começou a sê-lo agora – ou já era e a coisa se agravou. Será que é tão comum assim cuspir-se no prato em que se comeu por algum tempo? Será que não se aprende nada quando se sai de uma relação, que não se leva alguma bagagem? Tudo o que sobra é rancor?

O caso se agrava quando a gente repara que os casais vão e vêm, vão e vêm , tal como... ioiô. Ou, pior ainda, quando aparecem com um novo “amor” a cada 15 dias – ou menos. Será que o amor está tão banalizado assim? Será que aquele tempo todo que eu passei achando que não amava ninguém era só uma ilusão minha?

Na minha opinião, o que falta a esta criançada é um pouco mais de desejo de ser eles/elas mesmos(as), sem precisarem ser apêndices, pedaços, extensões de outras pessoas – por mais que as amem ou achem que amam.

Eu sou o Otávio. Eu sou feliz comigo mesmo. Minha esposa é a Carol. Ela é feliz consigo mesma. Somos pessoas adultas e bem resolvidas que escolheram caminhar juntas, partilhando das diferenças e explorando as maravilhas deste universo desconhecido que um é para o outro. Seria a coisa mais sem graça do mundo ter uma pessoa que concorda com tudo o que eu digo, que eu penso, que vive a minha ao invés da sua própria. Eu não teria o que explorar.

Lembro que uma coisa que me chamou a atenção na minha esposa foi que, quando namorávamos, eu a apresentei uma vez “Oi! Esta é a minha namorada, a Carol!” para alguns amigos. Ela imediatamente me chamou de canto e falou “Da próxima vez, diz que eu sou a Carol e deixa que o fato de eu ser tua namorada seja uma dedução deles. O fato de eu te namorar não é mais importante do que meu nome e quem eu sou.” Bastou! Me ganhou ali mesmo.

Noto que as medidas que muitas pessoas tomam para manterem seus relacionamentos andando são as mesmas responsáveis pelo seu fim. Triste isso.

Agora que sou pai, torço que a Sofia e o irmão (que ora está para nascer) aprendam isso da gente.

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