quarta-feira, 30 de junho de 2010

Gente ignorante devia não poder ter filhos.

Explico.

Não se trata de nenhuma apologia ao nazismo ou nenhuma nova campanha de controle de natalidade que desprivilegie os mais carentes. De forma alguma. Na verdade, eu mesmo sou ignorante em relação à criação de filhos – e ainda o sou em muitos aspectos – e sigo lendo, buscando me informar, lendo tudo o que posso e ouvindo especialistas.

O que me levou a pensar assim foi um evento hoje, à noite, na porta de uma farmácia. Parei para comprar soro fisiológico e outra bobagem qualquer e notei que da hora em que estacionei, durante todo o processo de compra até a hora em que saí do estabelecimento, havia um carro estacionado, um pai jovem em seu interior (uns 22, 23 anos) e um bebê recém nascido (uma menina) em seu colo. O bebê não parava de chorar e o pai chacoalhava a criança em movimentos tão intensos que até o pescoço de quem observava doía, quanto mais o do pobre anjo.

Vendo aquela cena absurda, não me contive: fui falar com o rapaz e lhe dar uma dica que aprendi durante o (ótimo) curso pré-natal oferecido pela UNIMED, antes da Sofia nascer. A esposa do rapaz, igualmente jovem, chegou por trás pedindo “Dá licença!!” numa agressividade típica de quem não suporta ver alguém perto de seu rebento ou de quem é mal educado mesmo – ou os dois. Tomou a criança nos braços, seguiu o sacolejo e manteve a criança no mesmo berreiro.

Dei as costas e saí com o coração apertado, morrendo de pena do pobre anjo, que não pediu para nascer, muito menos para nascer rodeado de gente tão ignorante. Vai seguir chorando até que algo mais grave aconteça (Tomara, Deus, que não!) ou que ganhe mais firmeza no pescoço.

Quando vejo estas cenas, penso que deveria haver alguma forma de fazer com que quem pretende ter filhos (ou que os terá sem pretender) faça cursos pré-natal no mesmo formato daquele do qual eu tive privilégio de participar, depois de muita insistência da minha esposa. Eu não sabia, mas até eu era ignorante em inúmeros aspectos e achava que estava apto a criar uma criança – desvinculado de achismos e superstições – mas não estava.

Então, quando disse que gente ignorante não deveria poder ter filhos, não quis dizer para que estas pessoas fossem esterilizadas, mas para que recebessem informação; assim, deixariam de ser ignorantes – como aconteceu comigo.

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