quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Belchior reapareceu - todo mundo sabe!


O rapaz latino-americano reaparece no Uruguai.

Até aí, nada demais. A mídia inteira noticiou, piadas foram feitas, blogs fizeram simulações, humoristas bolaram mais um quadro para seus shows - um artista fazendo piada com o outro, como se o antecessor não lhes tivesse aberto portas por meio da ditadura cruel - e gente que nunca ouviu falar do Belchior foi à loja comprar o CD do cara (ou baixou da internet, como é mais comum).

Eu sempre gostei da música do Belchior porque me identifico com muito do que ele fala e, com o passar dos anos, cada vez mais me vejo nas letras dele. Mais ou menos como um espelho que vai ficando mais e mais nítido com o tempo, como se a poeira das emoções (e da "cabeçadurisse" e da burrice) da juventude fosse sendo soprada.

Torço que, apesar dos milhares de defeitos que todos os gênios têm, os dele não se sobreponham ao seu talento. Quero crer que, a exemplo de Renato Russo, Michael Jackson, Cazuza, Raul Seixas e outros, a obra deste grande artista não fique esquecida por nossa geração. E falo da "nossa geração", que pegou o fim da ditadura e o começo da nova república, porque somos os únicos que aprenderam a usar a máquina de escrever (fiz até curso de datilografia) e também o computador com a mesma tranquilidade. Somos a única geração que comprava discos de vinil e hoje ouve suas músicas prediletas - remasterizadas digitalmente - num iPod ou MP3 player. Temos uma obrigação moral de mostrar aos nossos filhos a beleza da arte de pessoas que andam meio esquecidas.

Somos como intérpretes de um idioma à beira do esquecimento. Somos o elo entre o novo e o antigo. Se rompermos com nosso passado, ele vai passar de vez.

Fica um videozinho de uma música triste e bonita do Belchior - áudio colocado sobre cenas do filme "Vidas Secas".



Abraço, galera!

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